No Maranhão, a política frequentemente ganha contornos intensos, e as pautas femininas, como a violência doméstica, são usadas como armas para atingir adversários. Um exemplo disso é o deputado estadual Dalton Arruda (PSD), que, em 2016, esteve envolvido em um triste episódio de violência doméstica contra sua então esposa, Janayna do Socorro Muniz. Passados nove anos, o caso ainda é reaquecido nas redes sociais, em uma espécie de tribunal político que busca constranger e difamar o parlamentar. Mas será que um erro do passado deve defini-lo para sempre?
Dalton Arruda reconheceu publicamente os excessos cometidos na relação e, hoje, demonstra arrependimento genuíno. Casado com a empresária Poly Dominici Arruda, ele vive uma relação marcada por amor, harmonia e cumplicidade, mostrando que é possível aprender com os próprios erros e buscar redenção. A pergunta que fica é: até quando um homem deve ser crucificado por algo que já admitiu, pediu perdão e trabalhou para superar?
A politização de casos como esse não é exclusividade de Dalton ou de políticos de um único espectro ideológico. No Brasil e no Maranhão, escândalos de violência doméstica envolvendo figuras públicas, incluindo nomes da esquerda, também já vieram à tona. Um caso recente que ganhou destaque foi o de Luís Cláudio Lula da Silva, filho caçula do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em abril de 2024, ele foi acusado por sua ex-companheira de agressões físicas, como cotoveladas na barriga, além de violência verbal, psicológica e moral, chamando-a de “doente mental, vagabunda e louca”. Luís Cláudio nega as acusações, mas o episódio reacendeu debates sobre como casos de violência doméstica são tratados quando envolvem figuras ligadas ao poder, especialmente de partidos como o PT.
Outro exemplo envolve a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, também filiada ao PT. Em setembro de 2024, ela foi citada como uma das vítimas de assédio sexual supostamente cometido por Silvio Almeida, então ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, do governo Lula. As denúncias, reveladas pela ONG Me Too Brasil, apontaram episódios como toques inapropriados e expressões de cunho sexual. Silvio Almeida foi demitido pelo presidente Lula após as acusações, que ele nega veementemente, enquanto Anielle recebeu apoio de colegas do governo, mas o caso expôs as contradições entre o discurso progressista do PT e as falhas em lidar com questões internas de violência de gênero.
No Maranhão, um ex-vereador de São Luís e que foi filiado PDT, partido historicamente alinhado ao PT em diversas ocasiões, enfrentou denúncias de violência doméstica em 2015. Após o episódio, ele buscou reparação e reconciliação, mostrando que o arrependimento pode ser um caminho. Nacionalmente, o ex-deputado federal Wadih Damous (PT-RJ), acusado em 2010 de agressão contra a ex-companheira, também pediu desculpas e tentou superar o ocorrido, embora o caso tenha sido menos explorado politicamente na época.
O que chama atenção na situação de Dalton Arruda é o uso oportunista do tema por adversários políticos. Nas redes sociais, onde todos viram juízes, o erro de 2016 é requentado com o claro objetivo de atacar quem pensa diferente, ignorando que a vida não é um tribunal eterno. Especialistas apontam que a violência doméstica é uma questão séria que merece debate, mas usá-la como arma política, sem considerar o contexto de mudança pessoal, só alimenta a polarização e desumaniza o diálogo. Casos como os de Luís Cláudio e Anielle Franco mostram que mesmo em partidos que se dizem defensores das mulheres, como o PT e seus aliados, há desafios em garantir coerência entre discurso e prática.
O caso em questão não apaga o passado, mas traz uma chance de reflexão para o presente: um homem que errou, se arrependeu e reconstruiu sua vida. Em um país onde o perdão é tão pregado, talvez seja hora de refletir: quem nunca errou que atire a primeira pedra. A história do deputado maranhense, assim como os casos de figuras ligadas ao PT e muitos outros partidos políticos, nos lembra que a redenção existe e que ninguém deve ser condenado para sempre por um erro do qual se arrependeu amargamente.