O prefeito de Igarapé Grande, João Vitor Xavier, que confessou ter matado o soldado da Polícia Militar Geidson Thiago da Silva dos Santos durante uma vaquejada, apresentou um pedido de licença de seis meses do cargo logo após o crime vir à tona. O afastamento voluntário, embora previsto em lei, levanta suspeitas de uma manobra calculada para evitar a instauração de um processo de cassação na Câmara Municipal, o que manteria o prefeito protegido politicamente durante o período de maior repercussão pública e pressão institucional.
A licença impede que a Câmara dê seguimento a qualquer processo que vise a perda de mandato enquanto o gestor estiver afastado. Trata-se de uma brecha jurídica que, na prática, paralisa qualquer tentativa imediata de responsabilização política, mesmo diante de uma confissão de homicídio. Com isso, João Vitor ganha tempo para reorganizar sua base, negociar apoios e tentar reverter o desgaste da imagem pública. O gesto é visto por muitos como um escudo temporário contra a perda de poder, mas que não apaga a gravidade do ato nem a comoção causada.
Enquanto a cidade assiste perplexa, cresce a cobrança por uma resposta firme das autoridades legislativas e judiciais. A manobra do prefeito, embora legal, desafia o senso de justiça da população e coloca à prova a seriedade das instituições diante de um crime que ultrapassa o campo político e atinge diretamente a segurança pública e a honra de quem serve à corporação. O desfecho desse caso poderá marcar um precedente perigoso — ou demonstrar que a lei e a ética ainda prevalecem, mesmo nos mais altos cargos do poder local.