Convidada foi a yalorixá Jô Brandão, que é produtora cultural e audiovisual e uma das coordenadoras da ação no estado.
O movimento Julho das Pretas, que chega à oitava edição no Maranhão, foi detalhado pela yalorixá Jô Brandão, que é produtora cultural, audiovisual e uma das coordenadoras da ação no estado, em conversa no programa ‘Café com Notícias’ desta quinta-feira (20), na TV Assembleia. Ela falou sobre o histórico e a programação do evento, que tem como ápice o 25 de julho, Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.
“O Julho das Pretas é um movimento inspirado a partir de um encontro latino-americano afro-caribenho de mulheres, ocorrido em 1992, na República Dominicana, em Santo Domingo, um encontro mundial, e daí se começou a pautar as questões específicas de mulheres negras”, relatou, sobre o ponto de partida da ação no mundo.
Jô Brandão reforçou que, no Brasil, a iniciativa foi do Instituto Odara, de Salvador, criando um mês com várias atividades, diversas organizações envolvidas, trabalhando temas variados, todos voltados ao enfrentamento ao racismo e à violência contra mulheres negras. “O movimento foi evoluindo e, agora, a gente passou a ter atividade no país todo”, disse.
O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha (25 de julho), segundo Jô Brandão, é o marco em torno do qual toda a programação do Julho das Pretas é construída.
A yalorixá destacou, por exemplo, que, no sábado (22), ocorrerá o Encontro Mulheres de Axé, voltado ao enfrentamento ao racismo religioso e de debate sobre impactos das mudanças climáticas no mundo. “O tema deste ano é voltado para reparação e para o bem viver das mulheres negras, então, a gente trabalha essas ações voltadas a essas duas temáticas”, observou.
Agenda positiva
O movimento, de acordo com Jô Brandão, foi pensado para criar uma pauta positiva diante do racismo existente no país. “Nós somos sempre sujeitos de dados negativos no Brasil. As mulheres negras estão em desvantagem no campo do mercado de trabalho, na representação política, social, dos espaços de poder, de deliberação de políticas públicas, mas em função exatamente dessa desvantagem, o Julho das Pretas vem construir uma agenda de enfrentamento desse racismo que faz com que a gente esteja fora desses lugares”, afirmou.
As conquistas nesses anos de trabalho foram comentadas por Jô Brandão. “A gente tem contabilidade de conquistas também para mostrar porque, a partir disso, você vai construindo espaços de diálogo”, observou.
Sobre racismo estrutural, ela é taxativa: “O racismo estrutural não é uma categoria de racismo. Ele é o cerne do que estabelece a política brasileira, ele estrutura a política pública do país, porque quando se pensa em política não se faz os recortes de gênero, de igualdade racial, por exemplo”.
Jô Brandão também afirmou que é esperançosa e acredita em mais conquistas, a partir da capacidade de resistência do povo negro. “Eu acredito no movimento”, enfatizou.
O programa ‘Café com Notícias’ tem apresentação da jornalista Elda Borges e vai ao ar de segunda a sexta-feira, sempre às 9h, na TV Assembleia (canal aberto digital 9.2; Maxx TV, canal 17; e Sky, canal 309).